Maria Cyliakus
Por Lucas Castor em 31/3/25
Maria Teresa Cyliakus chama-se mulher 0 anos 1910 38 1948 chega a Roma março morena esbelta óculos tartaruga escuros divorciada dum grego sueca repórter Roma Montelepre casa de hóspedes Giulianos robin hoods esquerda direita vai em frente procura a cabeça Giuliano mapa montanha topografia faz o que a polícia não faz sobe com que roupas imagine as roupas 1948 imagine a Itália imagine o sul imagine a Cecília a Sicília Giardinello Passatempo é o carrasco morto em confronto Giuliano não sabe procura-o ouve falar de uma mulher calças meu deus uma mulher de calças vai atrás manda carrascos fingirem-se de polícia encontram-na perguntam quem é você e Maria Teresa Cyliakus diz o óbvio diz sou uma repórter sueca e estou procurando Giuliano imagine a Itália imagine a Sicília imagine 1948 e uma mulher de calças dizendo estou procurando por ele pelo próprio e os três siga-nos e ela segue-os e chega e o bandido desconfia se não desconfia morre cedo imagine 1948 manda matá-la antes pergunta como como você reconheceria Giuliano e Maria Cyliakus diz ele tem uma cicatriz na têmpora direita e Giuliano puxa o boné pergunta como esta e Cyliakus explode de alegria esta fonte não está parecendo tão confiável assim quem registrou a conversa ela ele o tempo afinal não assassina Cyliakus mas desconfia se não desconfia morre cedo põe um guarda-costas o tradutor me deu anjo da guarda mas acho que o correto é guarda-costas ambos guardam um corpo enfim isso dura 3 dias 3 dias Maria fica com o bandido e diz-me a fonte causa uma profunda impressão nele será que o bandido pensa enfim minha bandida minha sueca minha loura nessa hora a veria morena e daria o tiro não deu pior escreveu um poema imagine a Itália imagine a Sicília imagine a fazenda Costamendola e um bandido escrevendo um poema ele versa vi nisti di la nivi a lu me suli / sula cu lu curuzzu ‘ntra li mani / comu la Madunnuzza a lu fugghiuzzu / lu ciuri volli e non volli lu pani eu deixo à tua imaginação a mão o pão a Madunnuzza o tradutor sempre esconde quem é quê que é quem há quem diga até que do fruto da paixão nasceu um fruto na França um filho secreto imagine a Itália imagine a Suécia a França minha fronte minha fonte diz que a única certeza é que Cyliakus depois escreveu artigos pessimi ou péssimos mas onde estão onde estão que não os encontro cheios e escondidos de lânguido romantismo e que bela tradução a única coisa que diziam é que os bandidos eram gente boa e os policiais um bando de delinquentes foi expulsa há um vídeo se um dia estiver em Palermo dirija-se como se as pernas fossem suas estou a imitar Rita Andrade dirija-se à Via Vittorio Emanuele 353 a entrada é um arco romano não se faça de invisível é gratuito suba as escadas sente-se na cadeira dura imagine a Itália imagine a Sicília quando este país não esteve em crise imagine o seu sinta o ar preso na sala veja o vídeo veja ela sorri ela está algemada ela é levada ao camburão e ela sorri ela está bem vestida ela usas calças ela é detida está sendo deportada imagine o avião 1948 e ela diferente deste bando de fascistas que choram e clamam por direitos humanos quando a vida inteira defenderam a violação de outras pessoas e ela Maria Teresa Cyliakus está ereta confiante calma ela sorri saia do museu se quiser pergunte a um funcionário por que é que se referem a esta mulher como a repórter ambígua peça que tenham a coragem de dizer as coisas e continue pela Vittorio Emanuele é larga ande em diagonal tome um sorvete um espresso um spritz dê esmola ao morador de rua olhe para a igreja e pergunte se Deus esteve na pedra no vão entre as pedras ou em lugar nenhum continue chegue ao cais procure um espaço entre os barcos cerque-o mergulhe quando a água estiver queimando as narinas abra os olhos aguente mais um pouco e leia na topografia desta ilha Maria Teresa Cyliakus versa piano nella mano di giugno / nella buona mano calda e notturna di giugno / che copre dolcemente la mia miseria / I campanili sono lontani / distante il suono antico dei vespri / affondato mollemente nelle risa delle ragazze / e le grida chiare dei bambini / O alone sonoro sulla mia valle / bagliore d’umanitá e miele per il mio cuore…