Comprebet

Por Alessandro Araujo em 11/4/25

 

 Lista e prateleiras na maquinaria.

[Café, arruda, sal grosso].

 

Ande mais tarde pela Mouraria.

Suor de santo insosso.

 

É manhã raiada pelos cantos.

[Sol, mato e pedra-mar].

 

Eu já quase entrego os pontos.

Finais, hífens e virgular.

 

Põe anagrama na sacola.

[Trabalho, alho] Olha.

 

Tem veneno na grama.

Em calçada-fácil é proibido parar cachorro.

 

O veneno é para quem ama.

A grama, pessoas. Socorro.

[É sol. Arruda. Sal. Osso].

 

Olha o trabalho passando pela sua rua.

More edifício.

Compre morte.

Compre água.

Ódio.

Compre Sol.

Sorte.

Azar.

 

[É manhã]. Banho. Mar não tem.

Um viaduto de minhoca sem cão.

 

Olha a vida passando pela sua rua.

A que horas corre o vento?

Na sacola.

Leve. Compre.

São centavos.

 

Tem veneno e porteiro na grama.

Mas diz que ama.

Mas quem não ama cães e crime?

 

Pessoas tossem, espirram, correm, escarram, morrem.

[São Paulo a girar].

 

A gente torce, chora, anda, compra e sonha.

[São Paulo a rodar].

 

Roda ônibus. Roda sem parar.

Para o táxi. Para sem ponto.

Atira, guarda. Naquele que não compra.

Ei, polícia. Café é uma delícia.

Fuma, bicheiro.

Bethânia não é Bet.

É a fome.

[São Paulo a matar].

 

Que bom ser parte da modernidade.

Te encontro na Mouraria em uma tarde de Ba-Vi.

Foto: Lucas Castor

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